quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A nostalgia e o tempo


Impressiona-me como algumas músicas do passado nos despertam nostalgia. De repente, somos transportados no tempo para reviver uma época remota de nossa vida. Ao analisar a nossa trajetória, temos a impressão de que a nossa vida - como numa produção épica -  é feita de episódios com um protagonista vivido por vários atores. Além das condições da época, o tempo é o principal agente dessa transformação.

Nessa retrospectiva interna, percebemos que muito dos desafios da época foram alcançados, outros esquecidos ao longo do tempo ou simplesmente substituídos pela realidade. O desejo de voltar no tempo e refazer ou tomar outras decisões sempre foi a grande aspiração humana e, por razões óbvias, vencer as barreiras que o tempo nos impõe tem sido a maior limitação.

O Deus Cronos controlava o tempo na mitologia grega. Zeus, seu filho,  ao destroná-lo e acorrentá-lo conseguiu controlar o tempo, conferindo a imortalidade aos deuses. Cronos era representado como um ancião empunhando uma foice e frequentemente aparecia associado a divindades estrangeiras propensas a sacrifícios humanos. Daí a noção de imortalidade associada ao tempo, que deixou de ser exclusividade dos helênicos e alcançou a cultura mundial.

A nossa impotência em relação ao tempo passado é a fiadora de nossas frustrações, principalmente aquelas em que deveríamos fazer algo e não fizemos, a pior de todas, na minha avaliação. Nessa lista se encontram ainda as omissões, as oportunidades desperdiçadas, as mulheres não amadas. Em outras circunstâncias, vivemos um momento do passado como se fosse sempre melhor que o presente.

Já o tempo futuro carrega em si o mistério, limitado pela eterna hipótese existencial de cada um. Lord Byron dizia que o melhor profeta do futuro é o passado. A frase do poeta inglês do romantismo aparentemente nos traz a ferramenta necessária para entender o nosso destino, no entanto não é suficiente para nos livrar da eterna dúvida acerca do futuro, até mesmo porque, para nós, temos a esperança de que o futuro será sempre melhor que o passado.

Assim, podemos perceber que uns se alimentam com as glórias do passado; outros vivem a  acalentar o sonho de um futuro. Todavia, poucos são os que enxergam a beleza do presente.

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